domingo, 27 de maio de 2007

A mulher e a sua "mediocridade" na sociedade



Até ao século XX, altura em que ocorreu uma transformação na obstetrícia e o controlo da natalidade, as mulheres passavam grande parte das suas vidas grávidas.
A mulher era vista apenas como um utensílio que tinha como únicas utilidades: parir, criar e educar. O filósofo grego Platão considerava a natureza das mulheres inferior à dos homens, na “capacidade para a virtude”, a mulher era então vista por ele como um ser sem raciocínio, comparando-a até aos escravos.
Não tinham poder de escolha/decisão em nada nas suas vidas, nem o marido podiam escolher, limitando-se a serem escolhidas e até a serem passadas para outro se o marido assim o entendesse.
As suas obrigações eram venerar o marido, educar e criar os filhos, cuidar da casa e manter-se submissa ao seu marido.

















Vamos começar por falar da moda e a sua evolução, passando pelo mundo do trabalho da Mulher; o seu estatuto durante o período do Estado Novo e depois da Revolução do 25 de Abril. Seguidamente falaremos das Mulheres que mais se destacaram por várias razões, voltando depois à emancipação da Mulher no Portugal de Abril e falando também do início da reinvindicação dos seus direitos.

Anos 20 – A Era do Jazz


Uma década de prosperidade e liberdade, animada pelo som das jazz bands e pelo charme das mulheres modernas da época, que frequentavam os salões e traduziam no seu comportamento e modo de vestir o espírito da também chamada “Era do Jazz”.

A sociedade dos anos 20, além da ópera e do teatro, também frequentava os cinematógrafos, que exibiam os filmes de Hollywood e os seus artistas, como Rodolfo Valentino e Douglas Fairbanks. As mulheres copiavam as roupas e os gestos das actrizes famosas, como Gloria Swanson e Mary Pickford. A cantora e dançarina Josephine Baker também provocava alvoroço nas suas apresentações, sempre em trajes ousados.

Livre dos espartilhos, usados até o final do século XIX, a mulher começava a ter mais liberdade e já se permitia mostrar as pernas, o colo e usar maquilhagem. A boca era carmim, pintada para parecer um arco de cupido ou um coração; os olhos eram bem marcados, as sobrancelhas tiradas e delineadas a lápis; a pele era branca, o que acentuava os tons escuros da maquilhagem.

A silhueta dos anos 20 era tubular, com os vestidos mais curtos, leves e elegantes, geralmente em seda, deixando braços e costas à mostra, o que facilitava os movimentos frenéticos exigidos pelo Charleston – dança vigorosa, com movimentos para os lados a partir dos joelhos. As meias eram em tons de bege, sugerindo pernas nuas. O chapéu, até então acessório obrigatório, ficou restrito ao uso diurno. O modelo mais popular era o cloche, enterrado até os olhos, que só podia ser usado com os cabelos curtíssimos, à la garçonne, como era chamado. A mulher sensual era aquela sem curvas, seios e quadris pequenos. A atenção estava toda voltada para os tornozelos.

Em 1927, Jacques Doucet (1853-1929), figurinista francês, subiu as saias ao ponto de mostrar as ligas rendadas das mulheres – um verdadeiro escândalo para os mais conservadores.

A década de 20 foi da estilista Coco Chanel, com os seus cortes rectos, capas, blazers, cardigans, colares compridos, boinas e cabelos curtos. Durante toda a década, Chanel lançou uma nova moda após a outra, sempre com muito sucesso.

Outro nome importante foi Jean Patou, estilista francês que se destacou na linha sportswear, criando colecções inteiras para a estrela do ténis Suzanne Lenglen, que as usava dentro e fora dos courts. As suas roupas de banho também revolucionaram a moda na praia. Patou também criava roupas para actrizes famosas.

Anos 30 – Tempos de Crise



Diferentemente dos anos 20 do século XX, que havia destruído as formas femininas, os anos 30 redescobriram as formas do corpo da mulher, através de uma elegância refinada, sem grandes ousadias.


As saias ficaram longas e os cabelos começaram a crescer. Os vestidos eram justos e direitos, além de possuírem uma pequena capa ou um bolero, também bastante usado na época. Em tempos de crise, materiais mais baratos passaram a ser usados em vestidos de noite, como o algodão e a caxemira.


O corte enviesado e os decotes profundos nas costas dos vestidos de noite marcaram os anos 30, que elegeram as costas femininas como o novo foco de atenção. Alguns investigadores acreditam que foi a evolução dos trajos de banho a grande inspiração para tais roupas decotadas.


A moda dos anos 30 descobriu o desporto, a vida ao ar livre e os banhos de sol. Os mais abastados procuravam lugares à beira-mar para passar períodos de férias. Seguindo as exigências das actividades desportivas, os saiotes de praia diminuíram, as cavas aumentaram e os decotes chegaram até à cintura, assim como alguns modelos de vestidos de noite.


A mulher dessa época devia ser magra, bronzeada e desportiva, o modelo de beleza da actriz Greta Garbo. O seu visual sofisticado, com sobrancelhas e pálpebras marcadas com lápis e pó de arroz bem claro, foi também muito imitado pelas mulheres. Aliás, o cinema foi o grande referencial de disseminação dos novos costumes. Hollywood, através de suas estrelas, como Katharine Hepburn e Marlene Dietrich, e de estilistas, como Edith Head e Gilbert Adrian, influenciaram milhares de pessoas.


Alguns modelos novos de roupas surgiram com a popularização da prática de desportos, como o short, que surgiu a partir do uso da bicicleta. Os estilistas também criaram páreos estampados, fatos de banho e sweaters. Nos anos 30, os óculos escuros tornaram-se um acessório de moda. Eles eram muito usados pelos artistas de cinema e da música.


Em 1935, um dos principais criadores de sapatos, o italiano Salvatore Ferragamo, lançou a sua marca, que viria a transformar-se num dos impérios do luxo italiano. Com a crise na Europa, Ferragamo começou a usar materiais mais baratos, como o cânhamo, a palha e os primeiros materiais sintéticos. A sua principal invenção foi a palmilha compensada.


Gabrielle Chanel continuava a ser um sucesso, assim como Madeleine Vionnet e Jeanne Lanvin. A surpreendente italiana Elsa Schiaparelli iniciou uma série de ousadias nas suas criações, inspiradas no surrealismo. Outro destaque é Mainbocher, o primeiro estilista americano a fazer sucesso em Paris. Os seus modelos, em geral, eram sérios e elegantes, inspirados no corte enviesado de Vionnet.


Assim como o corpo feminino voltou a ser valorizado, os seios também voltaram a ter forma. A mulher então recorreu ao sutiã e a um tipo de cinta ou espartilho flexível. As formas eram marcadas, porém naturais.


Seguindo a linha clássica, tudo o que era simples e harmonioso passou a ser valorizado, sempre de forma natural.


No final dos anos 30, com a aproximação da Segunda Guerra Mundial, que se iniciou na Europa em 1939, as roupas já apresentavam uma linha militar, assim como algumas peças já se preparavam para dias difíceis, como as saias, que já vinham com uma abertura lateral, para facilitar o uso de bicicletas.


Muitos estilistas fecharam os seus ateliers ou mudaram-se da França para outros países. A guerra viria a transformar a forma de vestir e o comportamento de uma época.

Anos 40 – A Moda e a Guerra



Em 1940, a Segunda Guerra Mundial já havia começado na Europa. A cidade de Paris, ocupada pelos alemães em Junho do mesmo ano, já não contava com todos os grandes nomes da alta costura e seus ateliers. Muitos estilistas mudaram-se, fecharam os seus ateliers ou mudaram-nos para outros países.


A Alemanha ainda tentou destruir a indústria francesa de costura, levando os ateliers parisienses para Berlim e Viena, mas não teve êxito. O estilista francês Lucien Lelong, então presidente da câmara sindical, teve um papel importante nesse período ao preparar um relatório defendendo a permanência dos ateliers no país. Durante a guerra, 92 ateliers continuaram abertos em Paris.


Apesar das regras de racionamento impostas pelo governo, que também limitava a quantidade de tecidos que se podia comprar e utilizar na fabricação das roupas, a moda sobreviveu à guerra.
A silhueta do final dos anos 30, em estilo militar, perdurou até ao final dos conflitos. A mulher francesa era magra e as suas roupas e sapatos ficaram mais pesados e sérios.


A escassez de tecidos fez com que as mulheres tivessem de reformar as suas roupas e utilizar materiais alternativos na época, como a viscose, o raiom e as fibras sintéticas. Mesmo depois da guerra, essas habilidades continuaram a ser muito importantes para a consumidora média que queria estar na moda, mas não tinha recursos para isso.


Na Grã-Bretanha, o "Fashion Group of Great Britain", dirigido por Molyneux, criou 32 peças de vestuário para serem produzidas em massa. A intenção era criar roupas mais atraentes, apesar das restrições. O corte era recto e masculino, ainda em estilo militar. As jaquetas e abrigos tinham ombros acolchoados angulosos e cinturões. Os tecidos eram pesados e resistentes, como o tweed, muito usado na época. As saias eram mais curtas, com pregas finas ou franzidas. As calças compridas tornaram-se práticas e os vestidos, que imitavam uma saia com casaco, eram populares.


O nylon e a seda faltavam, fazendo com que as meias finas desaparecessem do mercado. Elas foram trocadas pelas meias soquetes ou pelas pernas nuas, muitas vezes com uma pintura falsa na parte de trás, imitando as costuras.
Os cabelos das mulheres estavam mais longos que os dos anos 30. Com a dificuldade em encontrar cabeleireiros, os grampos eram usados para prendê-los e formar cachos. Os lenços também foram muitos usados nessa época.A maquilhagem era improvisada com elementos caseiros. Alguns fabricantes apenas recarregavam as embalagens de batom, já que o metal estava a ser utilizado na indústria bélica.


A simplicidade a que a mulher estava submetida talvez tenha despertado o seu interesse pelos chapéus, que eram muito criativos. Nesse período surgiram muitos modelos e adornos. Alguns eram grandes, com flores e véus; e outros, menores, de feltro, em estilo militar. Durante a guerra, a alta costura ficou restrita às mulheres dos comandantes alemães, dos embaixadores em exercício e àquelas que de alguma forma podiam frequentar os salões dos grandes ateliers.


Alguns estilistas abriram novos ateliers em Paris durante a guerra, como Jacques Fath (1912-1954), que se tornaria muito popular nos Estados Unidos após a guerra, Nina Ricci (1883-1970) e Marcel Rochas (1902-1955), um dos primeiros a colocar bolsos em saias. Alix Grès (1903-1993) chegou a ter o seu atelier fechado logo após a inauguração, em 1941, pelos alemães, por ter apresentado vestidos nas cores da bandeira francesa. A sua marca era a habilidade em drapear o jérsei de seda, com acabamento primoroso.


Outro estilista importante foi o inglês Charles James (1906-1978), que, no período de 1940 a 1947, em Nova York, criou os seus mais belos modelos. Chegou a antecipar, em alguns, o que viria a ser o "New Look", de Christian Dior.


Durante a guerra, o chamado "ready-to-wear" (pronto para vestir), que é a forma de produzir roupas de qualidade em grande escala, desenvolveu-se. Através dos catálogos de venda por correspondência com os últimos modelos, os pedidos podiam ser feitos de qualquer lugar e entregues em 24 horas pelos fabricantes.


Sem dúvida, o isolamento de Paris fez com que os americanos se sentissem mais livres para inventar a sua própria moda. Nesse contexto, foram criados os conjuntos, cujas peças podiam ser combinadas entre si, permitindo que as mulheres pudessem misturar as peças e criar novos modelos. A partir daí, um grupo de mulheres lançou os fundamentos do “sportswear” americano. Com isso, o "ready-to-wear", depois chamado de "prêt-à-porter" pelos franceses, que até então havia sido uma solução para os tempos difíceis, transformou-se numa forma prática, moderna e elegante de se vestir, com a falta de materiais em quase todos os sectores e em todos os países.


Com a libertação de Paris, em 1944, a alegria invadiu as ruas, assim como os ritmos do jazz e as meias de nylon americanas, trazidas pelos soldados, que levaram de volta para as suas mulheres, o perfume Chanel nº 5.


Em 1945, foi criada uma exposição de moda, com a intenção de angariar fundos e confirmar a força e o talento da costura parisiense. Como não havia material suficiente para a produção de modelos luxuosos, a solução foi vestir pequenas bonecas, moldadas com fio de ferro e cabeças de gesso, com modelos criados por todos os grandes nomes da alta costura francesa. Importantes artistas, como Christian Bérard e Jean Cocteau, participaram na produção da exposição, composta por 13 cenários e 237 bonecas, devidamente vestidas, da roupa desportiva ao vestido de baile, com todos os acessórios, lingeries, chapéus, peles e sapatos, tudo feito manualmente, idênticos, em acabamento e luxo, aos de tamanho natural.


No dia 27 de Março de 1945, "Le Théatre de la Mode" (O Teatro da Moda) encantou os seus convidados em Paris. Mais de 200 mil franceses visitaram a exposição, que seguiu para vários países, como Espanha, Inglaterra, Áustria e Estados Unidos, sempre com muito sucesso.


No pós-guerra, o curso natural da moda seria a simplicidade e a prática, características da moda lançada por Chanel anteriormente. Entretanto, o francês Christian Dior, na sua primeira colecção, apresentada em 1947, surpreendeu a todos com as suas saias rodadas e compridas, cintura fina, ombros e seios naturais, luvas e sapatos de saltos altos.


O sucesso imediato do seu "New Look", como a colecção ficou conhecida, indica que as mulheres ansiavam pela volta do luxo e da sofisticação perdidos.


Dior estava imortalizado com o seu "New Look" jovem e alegre. Era a visão da mulher extremamente feminina, que iria ser o padrão dos anos 50.

Anos 50 – A época da feminilidade



Com o fim dos anos de guerra e do racionamento de tecidos, a mulher dos anos 50 tornou-se mais feminina e sedutora, de acordo com a moda lançada pelo "New Look", de Christian Dior, em 1947. Metros e metros de tecido eram gastos para confeccionar um vestido, bem amplo e à altura dos tornozelos. A cintura era bem marcada e os sapatos eram de saltos altos, além das luvas e outros acessórios luxuosos, como peles e jóias.


Essa silhueta extremamente feminina e jovial atravessou toda a década de 50 e manteve-se como base para a maioria das criações desse período. Apesar de tudo indicar que a moda seguiria o caminho da prática e da simplicidade, acompanhando todas as mudanças provocadas pela guerra, nunca uma tendência foi tão rapidamente aceite pelas mulheres como o "New Look" Dior, o que indica que a mulher ansiava pela volta da feminilidade, do luxo e da sofisticação.E foi o mesmo Christian Dior quem liderou, até a sua morte em 1957, a agitação de novas tendências que foram surgindo quase a cada estação.


Com o fim da escassez dos cosméticos do pós-guerra, a beleza tornar-se-ia tema de grande importância. O clima era de sofisticação e era tempo de cuidar da aparência. A maquilhagem estava na moda e valorizava o olhar, o que levou a uma infinidade de lançamentos de produtos para os olhos, um verdadeiro arsenal composto por sombras, rímel, lápis para os olhos e sobrancelhas, além do indispensável delineador. A maquilhagem realçava a intensidade dos lábios e a palidez da pele, que devia ser perfeita.


Grandes empresas, como a Revlon, Helena Rubinstein, Elizabeth Arden e Estée Lauder, gastavam muito em publicidade, era a explosão dos cosméticos. Na Europa, surgiram a Biotherm, em 1952 e a Clarins, em 1954, lançando produtos feitos à base de plantas, que se tornaria uma tendência a partir daí.


Era também o auge das tintas para cabelos, que passaram a fazer parte da vida de dois milhões de mulheres – antes eram 500 –, e das loções alisadoras e fixadoras.


Os penteados podiam ser coques ou rabos-de-cavalo, como os de Brigitte Bardot. Os cabelos também ficaram um pouco mais curtos, com mechas caindo no rosto e as franjas davam um ar de menina.


Dois estilos de beleza feminina marcaram os anos 50, o das ingénuas chiques, encarnado por Grace Kelly e Audrey Hepburn, que se caracterizavam pela naturalidade e jovialidade e o estilo sensual e fatal, como o das actrizes Rita Hayworth e Ava Gardner, como também o das pin-ups americanas loiras e com seios fartos. (Pin-up é uma modelo cujas imagens sensuais produzidas em grande escala exercem um forte atractivo na cultura pop. Destinadas à exibição informal, as pin-ups constituem-se num tipo leve de pornografia. As mulheres consideradas pin-ups são geralmente modelos e actrizes.).
Entretanto, os dois grandes símbolos de beleza da década de 50 foram Marilyn Monroe e Brigitte Bardot, que eram uma mistura dos dois estilos, a devastadora combinação de ingenuidade e sensualidade.


As pioneiras das actuais top models surgiram através das lentes dos fotógrafos de moda, entre eles, Richard Avedon, Irving Penn e Willian Klein, que fotografavam para as casas e para as revistas de moda, como a Elle e a Vogue.


Durante os anos 50, a alta costura viveu o seu apogeu. Nomes importantes da criação de moda, como o espanhol Cristobal Balenciaga, considerado o grande mestre da alta costura, Hubert de Givenchy, Pierre Balmain, Chanel, Madame Grès, Nina Ricci e o próprio Christian Dior, transformaram essa época na mais glamourosa e sofisticada de todas.


A partir de 1950, uma forma de difusão da alta costura parisiense tornou-se possível com a criação de um grupo chamado "Costureiros Associados", do qual faziam parte famosos ateliers, como o de Jacques Fath, Jeanne Paquin, Robert Piguet e Jean Dessès. Esse grupo tinha-se unido a sete profissionais da moda de confecção para editar, cada um, sete modelos a cada estação, para que fossem distribuídos para algumas lojas seleccionadas.


Assim, em 1955, a griffe "Jean Dessès-Diffusion" começou a fabricar tecidos em série para determinadas lojas da França e da África do Norte.


O grande destaque na criação de sapatos foi o francês Roger Vivier. Ele criou o salto agulha, em 1954 e, em 1959, o salto choque, encurvado para dentro, além do bico chato e quadrado, entre muitos outros. Vivier trabalhou com Dior e criou vários modelos para os desfiles dos grandes estilistas da época.


Em 1954, Chanel reabriu o seu atelier em Paris, que esteve fechado durante a guerra. Aos 70 anos de idade, ela criou algumas peças que se tornariam inconfundíveis, como o famoso tailleur com guarnições trançadas, a famosa bolsa a tiracolo em matelassê e o escarpin bege com ponta escura.


Ao lado do sucesso da alta costura parisiense, os Estados Unidos estavam a avançar na direcção do “ready-to-wear” e da confecção. A indústria norte-americana desse sector estava cada vez mais forte, com as técnicas de produção em massa cada vez mais bem desenvolvidas e especializadas.


Na Inglaterra, empresas como Jaeger, Susan Small e Dereta produziam roupas “prêt-à-porter” sofisticadas. Na Itália, Emilio Pucci produzia peças separadas em cores fortes e estampadas que faziam sucesso tanto na Europa como nos EUA.


Na França, Jacques Fath foi um dos primeiros a voltar-se para o “prêt-à-porter”, ainda em 1948, mas era inevitável que os outros estilistas começassem a acompanhar essa nova tendência à medida que a alta costura começava a perder terreno, já no final dos anos 50.

Nessa época, pela primeira vez, as pessoas comuns puderam ter acesso às criações da moda sintonizada com as tendências do momento.


Em 1955, as revistas Elle e Vogue dedicaram várias páginas da sua publicação às colecções de “prêt-à-porter”, o que indicava que algo se estava a transformar no mundo da moda. Uma preocupação dos estilistas era a diversificação dos produtos, através do sistema de licenças, que estava a revolucionar a estratégia económica das marcas.


Assim, alguns artigos tornaram-se símbolos do que havia de mais chique, como o lenço de seda Hermès, que Audrey Hepburn usava, o perfume Chanel Nº 5, preferido de Marilyn Monroe e o batom Coronation Pink, lançado por Helena Rubinstein para a coroação da rainha da Inglaterra.


Dentro do grande número de perfumes lançados nos anos 50, muitos constituem ainda hoje os principais produtos em que se apoiam algumas marcas, cuja sobrevivência muitas vezes é assegurada por eles.


Ao som do rock and roll, a nova música que surgia nos anos 50, a juventude norte-americana buscava a sua própria moda. Assim, apareceu a moda colegial, que teve origem no sportswear. As moças agora usavam, além das saias rodadas, calças cigarrete até aos tornozelos, sapatos baixos, sweater e jeans.


O cinema lançou a moda do garoto rebelde, simbolizada por James Dean, no filme "Juventude em Fúria" (1955), que usava blusão de couro e jeans. Marlon Brando também sugeria um visual displicente no filme "Um Eléctrico chamado Desejo" (1951), transformando a camiseta branca num símbolo da juventude.


Já na Inglaterra, alguns londrinos voltaram a usar o estilo eduardiano, mas com um componente mais agressivo, com longos jaquetões de veludo, coloridos e vistosos, além de uma poupa enrolada. Eram os "teddy-boys".


No final dos anos 50, a confecção apresentava-se como a grande oportunidade de democratização da moda, que começou a fazer parte da vida quotidiana. Nesse cenário, começava a formar-se um mercado com um grande potencial, o da moda jovem, que se tornaria o grande filão dos anos 60.

Anos 60 – prenúncio de liberdade da moda




A década de 60 é um marco de mudanças no comportamento da sociedade. Inicia -se com o sucesso do rock and roll e o rebolado frenético de Elvis Presley, o maior símbolo. A imagem do blusão de couro, topete e jeans, em motos ou lambretas, mostrava uma rebeldia ingénua sintonizada com ídolos do cinema como James Dean e Marlon Brando. As moças bem comportadas já começavam a abandonar as saias rodadas de Dior e atacavam de calças cigarette, num prenúncio de liberdade. Os anos 60 podem dizer que foi uma explosão de juventude em todos os aspectos. Era a vez dos jovens, que influenciados pelas ideias de liberdade On the Road da chamada geração beat, começavam a opor-se à sociedade de consumo vigente. O movimento, que nos 50 vivia recluso em bares nos EUA, passou a caminhar pelas ruas nos anos 60 e influenciaria novas mudanças de comportamento jovem, como a contracultura e o pacifismo do final da década. Nesse cenário, a transformação da moda foi radical. Era o fim da moda única, que passou a ter várias propostas e a forma de se vestir se tornava cada vez mais ligada ao comportamento. Conscientes desse novo mercado consumidor e de sua voracidade, as empresas criaram produtos específicos para os jovens, que, pela primeira vez, tiveram sua própria moda, não mais derivada dos mais velhos. Aliás, a moda era não seguir a moda, o que representava claramente um sinal de liberdade, o grande desejo da juventude da época.



Na moda, a grande vedeta dos anos 60 foi, sem dúvida, a mini-saia. A inglesa Mary Quant divide com o francês André Courrèges sua criação. Entretanto, nas palavras da própria Mary Quant: "A ideia da mini-saia não é minha, nem de Courrèges. Foi a rua que a inventou". Não há dúvidas de que passou a existir, a partir de meados da década, uma grande influência da moda das ruas nos trabalhos dos estilistas.Mesmo as ideias inovadoras de Yves Saint Laurent com a criação de japonas e sahariennes (estilo safari), foram actualizações das tendências que já eram usadas nas ruas de Londres ou Paris.



O sucesso de Quant abriu caminho para outros jovens estilistas, como Ossie Clark, Jean Muir e Zandra Rhodes. Na América, Bill Blass, Anne Klein e Oscar de la Renta, entre outros, tinham seu próprio estilo, variando do psicadélico (que se inspirava em elementos da art nouveau, do Oriente, do Egipto Antigo ou até mesmo nas viagens que as drogas proporcionavam) ou geométrico e o romântico.Enquanto isso, Saint Laurent criou vestidos tubinho inspirados nos quadros neoplasticistas de Mondrian e o italiano Pucci virou mania com suas estampas psicadélicas. Paco Rabanne, em meio às suas experimentações, usou alumínio como matéria-prima.



Os tecidos apresentavam muita variedade, tanto nas estampas quanto nas fibras, com a popularização das sintéticas no mercado, além de todas as naturais, sempre muito usadas. As mudanças no vestuário também alcançaram a lingerie, com a generalização do uso da calcinha e da meia-calça, que dava conforto e segurança, tanto para usar a mini-saia, quanto para dançar o twist e o rock. O unissex ganhou força com os jeans e as camisas sem gola. Pela primeira vez, a mulher ousava vestir-se com roupas tradicionalmente masculinas, como o smoking (lançado para mulheres por Yves Saint Laurent em 1966). A alta costura perdia cada vez mais terreno e, entre 1966 e 1967, o número de ateliers inscritos na Câmara Sindical dos costureiros parisienses caiu de 39 para 17. Consciente dessa realidade, Saint Laurent inaugurou uma nova estrutura com as boutiques de prêt-à-porter de luxo, que se multiplicariam pelo mundo também através das franquias. Com isso, a confecção ganhava cada vez mais terreno e necessitava de criatividade para suprir o desejo por novidades. O importante passaria a ser o estilo e o costureiro passou a ser chamado de estilista.



Nessa época, Londres havia se tornado o centro das atenções, a viagem dos sonhos de qualquer jovem, a cidade da moda. Afinal, estavam lá, o grande fenómeno musical de todos os tempos, os Beatles, e as inglesinhas emancipadas, que circulavam pelas lojas excêntricas da Carnaby Street, que mais tarde foram para a famosa Kings Road e o bairro de Chelsea, sempre com muita música e atitude jovens.



Nesse contexto, a modelo Jean Shrimpton era a personificação das chamadas "chelsea girls". Sua aparência era adolescente, sempre de minissaia, com seus cabelos longos com franja e olhos maquiados. Catherine Deneuve também encarnava o estilo das "chelsea girls", assim como sua irmã, a também actriz Françoise Dorléac. Por outro lado, Brigitte Bardot encarnava o estilo sexy, com cabelos compridos soltos rebeldes ou coque no alto da cabeça (muito imitado pelas mulheres).



Maquilhagem




Entretanto, os anos 60 sempre serão lembrados pelo estilo da modelo e actriz Twiggy, muito magra, com seus cabelos curtíssimos e cílios inferiores pintados com delineador. A maquilhagem era essencial e feita especialmente para o público jovem. O foco estava nos olhos, sempre muito marcados. Os batons eram clarinhos ou mesmo brancos e os produtos preferidos deviam ser práticos e fáceis de usar. Nessa área, Mary Quant inovou ao criar novos modelos de embalagens, com caixas e estojos pretos, que vinham com lápis, pó, batom e pincel. Ela usou nomes divertidos para seus produtos, como o "Come Clean Cleanser", sempre com o logotipo de margarida, sua marca registrada.



As perucas também estavam na moda e nunca venderam tanto. Mais baratas e em diversas tonalidades e modelos, elas eram produzidas com uma nova fibra sintética, o kanekalon.



O estilo da "swinging London" culminou com a Biba, uma butique independente, frequentada por personalidades da época. Seu ar romântico retrô, aliado ao estilo camponês, florido e ingénuo de Laura Ashley, estavam em sintonia com o início do fenómeno hippie do final dos anos 60. Talvez o que mais tenha caracterizado a juventude dos anos 60 tenha sido o desejo de se rebelar, a busca por liberdade de expressão e liberdade sexual. Nesse sentido, para as mulheres, o surgimento da pílula anticoncepcional, no início da década, foi responsável por um comportamento sexual feminino mais liberal. Porém, elas também queriam igualdade de direitos, de salários, de decisão. Até o sutiã foi queimado em praça pública, num símbolo de libertação. Os 60 chegaram ao fim, coroados com um grande show de rock, o "Woodstock Music & Art Fair", em agosto do mesmo ano, que reuniu cerca de 500 mil pessoas em três dias de amor, música, sexo e drogas.



Moda – Anos 70




Estilos anos 70







Nos anos 70 moda, por sua vez, continuou revolucionária com muita experimentação de materiais, cores, formas e texturas. A estética hippie ganhou espaço com a psicadélica e atingiu o mainstream (algo "que faz sucesso", "que está na moda", "que é popular", "vendável" e "comercial").
O período foi de revolução e marcou um salto no comportamento dos jovens, na música e na liberação sexual da mulher. Foi a época do Festival de Woodstock, do movimento hippie, da onda disco, etc. A moda também deu um salto. Para os homens, deixou de ser formal e ganhou um toque colorido e psicadélico. Para as mulheres, passou a ser romântica e despojada: com cabelos desalinhados, saias longas ou curtíssimas com inspiração indiana, batas e estampas florais ou multicoloridas. Além disso, o unissex entra na moda com suas boca-de-sino e sapatos plataforma. Era a vez do o hippie-chic com as estampas multicoloridas de Pucci e os tecidos de estilo cashmere das roupas indianas; a mini-saia [lançada nos anos 60] ainda marcou presença no início dos 70. Também foi a época das meias de lurex, do poliéster e dos signos do Zodíaco.
A moda passou a ser idealizada de fora para dentro, do povo (criar sua própria moda com o "faça você mesmo") para os fabricantes, da rua para os salões. O antigo conceito de exclusividade foi ultrapassado e a massificação dominou o mercado. A criatividade aposentou o termo chic que, entre muitos outros, foi substituído por kitsch, punk, retrô.
A juventude era inexperiente e desconhecia o rumo a tomar – sabendo apenas que não queria obedecer aos padrões reinantes – a moda seguiu a corrente hippie. Nosso ocidentalismo era considerado decadente. Isso acabou resultando na consolidação da própria contestação, tendo como bandeira um pedaço de tecido grosso, azul e desbotado: o jeans. Junto com a modernidade da época, sobreviveram em pleno auge super bandas de hard rock como Led Zeppelin e Black Sabbath. O rock pesado vivia seu grande momento e por um lado a androginia o influenciava em sua forma de comportamento; grandes figuras que escandalizaram a década de 70 foram Mick Jagger, Rod Stewart, e o ícone David Bowie, em seus áureos tempos femininos.


Salto O período foi de revolução e marcou um salto no comportamento dos jovens, na música e na liberação sexual da mulher. Foi a época do Festival de Woodstock, do movimento hippie, da onda disco, etc. A moda também deu um salto. Para os homens, deixou de ser formal e ganhou um toque colorido e psicadélico. Para as mulheres, passou a ser romântica e despojada: com cabelos desalinhados, saias longas ou curtíssimas com inspiração indiana, batas e estampas florais ou multicoloridas. Além disso, o unissex entrou na moda com suas boca-de-sino e sapatos plataforma. A moda glitter também emplacou nos anos 70: futurista, metálica e andrógina, personificada na figura do camaleão David Bowie. O "paz e amor" foi cedendo espaço à moda disco.











Moda









  • Estilo hippie



  • Jeans e calças militares usadas com enormes bocas-de-sino, tachinhas, bordados e muitos brilhos



  • Camurças com franjas;



  • Estilo safári;



  • Colares de contas missangas, bijutarias étnicas;



  • Saias e calças de cintura baixa com cintos largos ou de penduricalhos;



  • Estampas florais,



  • Roupas artesanais, materiais naturais e tinturas caseiras;



  • Botas de camurça e sandálias de plataforma;



  • Saias longas, estampadas, estilo cigana e muita interferência de brilhos e plumas nas roupas.



Anos 80 – O Exagero está no ar




Os anos 80 serão eternamente lembrados como uma década onde o exagero e a ostentação foram marcas registradas. Os seriados de televisão, como Dallas, mostravam mulheres glamourosas, cobertas com jóias e por todo o luxo que o dinheiro podia pagar. A moda apressou-se por responder a esses desejos, criando um estilo nada simplório. Todas as roupas de marcas conhecidas tinham seus logos estampados no maior tamanho possível. O jeans alcança seu ápice, ganhando status. E os shoppings tornaram-se paraíso dos consumistas.Pode-se dizer que os anos 80 começam realmente em 1977, com o sucesso da música “disco” inspirados no filme “Saturday Night Fever”. Voltam à tona, o glamour da noite e o charme do excesso e do brilho, deixando para trás o estilo hippie dos anos 70.A juventude trouxe de volta o que já era considerado “velho”: roupas sob medida e vestidos de baile. Os anos 80 seguem o charme e a sofisticação dos anos 60, porém com um certo exagero.Nesta década, os japoneses marcaram posição no cenário internacional. Em um universo tecnológico (o Atari surgiu nessa época), a moda inspirou-se no Japão, emergente com suas novidades, e em tudo o que fosse electrónico: neons, computadores, automáticos, etc.






Corpo bonito



Não bastava ser bem-sucedido e bem-vestido. Nessa década ter um corpo bonito e saudável era essencial para o sucesso. Assim, numa continuidade pelo amor aos desporto inaugurado na década anterior, explodiram academias por todos os cantos, onde os frequentadores iam com suas polainas e collants para as aulas de aeróbica, movidas por músicas dançantes e ritmadas, com temática comum: ginástica, poder, sucesso.Influenciando as roupas, o espírito desportivo levou o moletom e a calça fuseaux para fora das academias e consagrou o ténis como calçado para toda hora. Este último também fez ressurgir a moda de calçados baixos, como os mocassins, tanto multicoloridos como clássico.O look "molhado", conseguido com gel e mousse para cabelos, fez a cabeça de homens e mulheres, ao lado das permanentes fartas e topetes tão altos quanto se conseguisse deixá-los. A cartela de cores era vibrante, prezando por tons fortes e fluorescentes, com jogos de tons e contrastes.





Mulheres em alta

As mulheres, que nesse momento ingressaram maciçamente no mercado de trabalho à procura por cargos de chefia, adotaram o visual masculino. Cintura alta e ombros marcados por ombreiras era a silhueta de toda a década, ao lado de pregas e drapejados para a noite ou dia. A moda masculina seguiu o mesmo estilo, com ternos folgados e calças largas. Para os acessórios, tamanho era sinónimo de actualidade.A música se consagrou como formadora de opinião e estilo, levando ao estrelato cantoras como Madonna, que influenciou a sociedade com seu estilo livre e despudorado. O Punk, New Age e Break também merecem destaque.Os vestidos passaram a valorizar mais o corpo feminino, com cintura marcada, fendas, tops sem alças ou saias balonês. Tudo acompanhado de acessórios Dourados.O visual era extravagante com ombreiras e calças de cós alto. Mini-saia com legging, macacões e shorts também fizeram parte desta estação.As cores cítricas fizeram muito sucesso, como o verde-limão, o amarelo e laranja fosforescentes. Personalidades famosas são exemplo desse look como Madonna e Cindy Lauper.Na maquilhagem, as mulheres abusaram do colorido da época com sombras fortes, olhos bem pintados e batons de cores vivas, como o vermelho, pink e marrom escuro.Embora rápida e vertiginosa, a moda guarda suas permanências. A mais forte delas, desde o inglês Charles Worth inaugurando a alta-costura na França, tem sido seus territórios de criação e inspiração para o resto do mundo: primeiro Paris, depois Londres, Milão e Nova York.




Anos 90 – A diversidade estilosa




Até a metade da década de 90, o exagero dos anos anteriores ainda influenciou a moda. Foram lançados, por exemplo, os jeans coloridos e as blusas segunda-pele, que colocaram a lingerie em evidência. Isso alavancou a moda íntima, que criou peças para serem usadas à mostra, como novos materiais e cores.Essa é uma década marcada pela diversidade de estilos que convivem harmoniosamente. A moda seguiu cada uma dessas tendências, produzindo peças para cada tipo de consumidor e para todas as ocasiões. Entretanto, vale a pena ressaltar o Grunge, que impulsionado pelo rock, influenciou a moda e o comportamento dos adolescentes com seu estilo despojado de calças/ calções largos e camisas xadrez da região de Seattle, berço destes músicos.A camisa xadrez, aliás, foi uma verdadeira coqueluche presente mesmo nos armários dos rapazes mais tradicionais.Na segunda metade da década de 90, a moda passou a buscar referências nas décadas anteriores, fazendo releituras dos anos 60 (cores claras, tiaras) e em seguida dos 70 (plataformas em tamancos e modelos fechados, geralmente desproporcionais), tudo mesclado à modismos dos anos correntes.“Nos anos 90, o consumidor se tornou um voyeur, as imagens se constituem dentro de um diálogo de erotismo e o olhar é invasivo”.Nessa década, o consumidor passou a conviver nas ruas e nas revistas com mensagens extremamente erotizadas das campanhas de moda.



quarta-feira, 23 de maio de 2007

O Mundo do Trabalho






Também em relação ao trabalho, a mulher se deparava frequentemente com grandes limitações, o acesso a determinadas profissões era-lhe negado, a mulher não tinha direito de acesso a determinados lugares que se considerava que deviam ser ocupados por homens. A magistratura, a diplomacia e a política são apenas alguns dos exemplos de sectores profissionais a que a mulher não podia aceder.














Curiosidades:
· As mulheres casadas não podiam usar o seu património;
· As enfermeiras não podiam casar;
· As professoras não podiam casar com qualquer pessoa: tinham que pedir autorização para casar, saindo depois no Diário da República a autorização para ela casar;
· Uma professora só podia casar com um homem que tivesse um vencimento superior ao dela;
· Uma mulher casada não podia ir para o estrangeiro sem autorização do marido;
· As mulheres não podiam trabalhar sem autorização do marido.



A Mulher no Estado Novo



Em Portugal, o Estado Novo esforçou-se por conservar a mulher no seu posto tradicional, como mãe, dona de casa e em quase tudo submissa ao marido. A Constituição de 1933 estabeleceu o princípio da igualdade entre cidadãos perante a Lei, mas com algumas excepções. Na constituição constavam referências às "diferenças resultantes da sua (mulher) natureza e do bem da família". A mulher via-se, assim, relegada para um plano secundário na família e na sociedade em geral. A lei portuguesa designava o marido como chefe de família, de onde resultava uma série de incapacidades para a mulher casada, contrariamente à mulher solteira, que era considerada cidadã de plenos direitos: a mulher não tinha direito de voto, a mulher não tinha possibilidade de exercer nenhum cargo político, e, mesmo em termos da família, a mulher não tinha os mesmos direitos na educação dos filhos. Nesta altura, a Lei atribuía à mulher casada uma função específica: o governo doméstico, o que se traduzia pela imposição dos trabalhos domésticos como obrigação. Outro dos problemas que a mulher enfrentava na altura acontecia nas situações de reconstituição da família. O divórcio era proibido, devido ao acordo estabelecido com a Igreja Católica na Concordata de 1944, pelo que todas as crianças nascidas de uma nova relação, posterior ao primeiro casamento, eram consideradas ilegítimas, havia então duas alternativas no acto do registo: a mulher ou dava à criança o nome do marido anterior ou assumia o estatuto de "mãe incógnita". O que não podia era dar o seu nome e o do marido actual.






A Mulher depois do 25 de Abril




Não podemos afirmar que já não existe desigualdade entre homens e mulheres, nem que não existem ainda representações tradicionais sobre o papel da mulher, pois, ainda vivemos um processo de mudança ao nível das mentalidades e na forma como a própria sociedade representa a mulher na família, na sociedade, na política ou noutro domínio qualquer.
O facto de ao longo do tempo se ter vindo a conquistar cada vez mais domínios de intervenção em que as mulheres têm uma presença activa e importante não significa que não subsistam representações tradicionais sobre o seu papel podendo até afirmar que aquilo a que se assiste hoje em dia é a uma “coexistência de representações modernistas sobre a mulher, com representações tradicionalistas”. Actualmente, as mulheres constituem uma parte importante da mão-de-obra no mercado de trabalho e, inversamente ao que acontecia no passado, poucas são agora as que ficam em casa.
No entanto, há sectores de actividade em que os estereótipos permanecem como por exemplo a política, em que as desigualdades são ainda bastante notórias: As mulheres são uma minoria em termos de ministros, cargos de ministério, secretárias de Estado. O mesmo se passa no Parlamento e é por isso muito difícil que uma mulher chegue a primeira candidata. A presença das mulheres no poder executivo e legislativo em Portugal desde Abril de 1974, verifica até que ponto têm estado quase sempre afastadas dos cargos mais elevados da hierarquia política: o Presidente da República foi sempre homem, o cargo de primeiro-ministro foi ocupado por 10 homens e apenas uma vez, em 1979, por uma mulher, Maria de Lurdes Pintassilgo (num Governo de iniciativa presidencial, durante um tempo determinado).




Maria de Lurdes Pintassilgo

terça-feira, 22 de maio de 2007

Grandes MULHERES




Betty Friedan











Nascida, 4 de Fevereiro de 1921 em Peoria, de seu nome Betty Naomi Goldstein, era mais conhecida como Betty Friedan e foi uma importante activista feminista do sec. XX.Tendo participado em vários movimentos marxistas e judaicos, em 1963, foi publicado o livro por ela escrito, “The feminine Mystique”, que deu origem à segunda vaga de feminismo, visto que foi best-seller. O livro falava do papel da mulher na indústria e na sua função de dona de casa.


Foi umas das co-fundadoras da Organização Nacional das Mulheres, nos EUA, com Pauli Murray.


Ajudou também na criação de uma organização de fomento aos direitos reprodutivos, onde também se incluiu o aborto.


É considerada uma das maiores feministas do sec. XX.


Morreu no dia do seu aniversário, em 2006,em sua casa, de falência cardíaca congestiva.





Emma Goldman





Nascida a 27 de Junho de 1869, Emma Goldman, de origem lituana, foi uma anarquista. Ficou conhecida pelos seus textos e discursos de carácter feminista e pelos seus relatos da Revolução Russa.Em 1886 emigrou para os EUA com a sua irmã Helene, para uma pequena cidade perto de Nova Iorque, onde trabalhou durante muito tempo na indústria têxtil e onde acabaria por se casar com um colega de trabalho. Depois do enforcamento de 4 anarquistas, no seguimento da Revolta de Haymarket, em Chicago, fez com que Goldman se tornasse militante e que conhecesse outra figura de bastante relevo no anarco-feminismo, Voltairine de Cleyre.



Aung San Kyi







Filha de Aung San, herói nacional da independência da Birmânia, Suu Kyi nasceu a 19 de Junho de 1945 em Rngum. O seu pai morrera quando ela tinha apenas 2 anos.


Suu Kyi vivei em Londres e em 1988 regressou à Birmânia por altura da morte de sua mãe. O seu retorno à Birmânia, coincidiu com uma manifestação/revolta popular contra a repressão política e o declínio do país, que já se arrastava há 26 anos.


Passado pouco tempo, Suu Kyi, tornou-se líder do movimento de contestação contra o regime militar.O seu partido (Liga Nacional para a Democracia), obteve a vitória nas eleições de 1990, e como consequência, foi-lhe ordenado, pela junta militar que governava o país, que ficasse em prisão domiciliária. E assim ficou até 1995, ano em que a libertaram como sinal de abertura democrática dirigido à comunidade internacional. Apesar de estar em “liberdade”, as suas liberdades individuais continuam limitadas.Durante o seu período de prisão domiciliária, Suu Kyi ganhou o prémio Sakharov em 1990 e o Prémio Nobel da Paz, em 1991.







Golda Meir





Proveniente de uma humilde família judaica, Golda nasce em Kiev, a 3 de Maio de 1898.

Emigrou com a família para Milwakee, E.U.A. , em 1906, onde foi professora primária e delegada da secção americana do Congresso Judaico Mundial.

Casou-se com Morris Myerson, e em 1921 emigrou, novamente, para a Palestina, onde se tornou membro do Kibbutz de Marnavia, do partido trabalhista Mapai e militou também no Histadruth (confederação Geral do Trabalho), passando a ser a sua representante no estrangeiro, entre 1932 e 1934, nos E.U.A. .

Foi também uma das fundadoras do Estado de Israel, que se dotou de instituições democráticas, onde existia uma câmara única - Knessel- e se fundaram vários partidos políticos.O Mapai, que já foi referido atrás, o Ahduth Haavoda (União do Trabalho) e o Rafi (Movimento de Esquerda) fundiram-se em Julho de 1968, com o objectivo de formarem o Partido Trabalhista. Passado um ano, esse Partido uniu-se ao Mapam (Partido Operário Unificado) constituindo, assim, a Maarakh (Frente Operária) que funcionava como uma aliança eleitoral.

Golda foi nomeada embaixadora de Israel em Moscovo, pelo Primeiro-Ministro, David Ben Gurion.Após a morte do Presidente Levi Eshkol, 1969, Golda formou um governo, onde foi Primeira-Ministra de Israel (1969-1974).

Golda Meir, durante esse período, ignorou, as resoluções da ONU quanto à anexação israelita de Jerusalém oriental, e os acordos de paz com os regimes árabes. Ainda aplicou uma política de medidas extremas contra a OLP e contra todos os países que acolhessem os seus refugiados.Devido ao não seguimento dessas directrizes, a 6 de Outubro de 1973, iniciou-se a quarta guerra Israelo-árabe – “Guerra do Yom Kippur”. Devido à intervenção americana, Egípcios e Israelitas aceitam a 25 de Outubro de 1973 uma acordo de cessar-fogo.Golda Meir apresenta a sua demissão em Abril de 1974, devido às violentas críticas sobre a actuação na Guerra do Yom Kippur, e pelos baixos resultados obtidos nas eleições pelo Partido Trabalhista.Voltou ao mundo da política como dirigente do seu partido, a 5 de Março de 1976, e nesse mesmo ano publica a sua autobiografia, no livro “A minha vida”.Morre no dia 8 de Dezembro de 1978, em Jerusalém, com cancro.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

A emancipação da Mulher no Portugal de Abril



A Idade Contemporânea ficou marcada pela luta social de largas massas femininas, pois as mulheres consciencializaram-se da sua situação discriminatória na sociedade. Esta luta social expressa-se por múltiplas acções comuns e em grande parte de formas de organização e movimentos. O objectivo desta luta diversificada das mulheres é a sua aspiração à emancipação e à mudança para um estatuto social mais dignificante.
As conquistas democráticas conseguidas com o 25 de Abril, 1974, tiveram uma contribuição de grande relevo da mulher, que participou de forma activa e corajosa na luta reivindicativa económica e social, a defender a liberdade.


O mérito de ter tomado as primeiras medidas verdadeiramente a favor da emancipação da mulher, fica para o primeiro governo operário da história, a Comuna de Paris.
Ainda assim, não desapareceram de súbito os preconceitos sobre a mulher, pois esses preconceitos têm na maior parte uma raíz histórica que não reside na essência do sistema socio-económico.
Apesar do grande atraso socioeconómico herdado da era colonial e da exploração neocolonialista, liquidaram-se em vários países a poligamia e o casamento de menores contratado por familiares, combateu-se o analfabetismo e elevou-se o nível de cultura das mulheres.
O dia 8 de Março é também um símbolo de luta revolucionária que se transformou numa jornada mundial de acção das mulheres pelos seus direitos próprios e contra todas as formas de discriminação.




Emmeline Pankhurst







Para as mulheres conquistarem o direito de voto, tiveram que percorrer um longo caminho. Tiveram que lutar contra os preconceitos dos homens que julgavam que as mulheres não serviam para absolutamente mais nada, a não ser, tratar da casa e dos filhos.
Pois bem, as mulheres sabiam que eram capazes de fazer tudo o que um homem conseguia fazer, como tal, começaram a formar-se movimentos, que tinham como primeiro objectivo, desde o pós-Revolução Industrial, lutar pelo direito do voto feminino.
Foi nos ideais democráticos de inspiração iluminista que as primeiras feministas encontraram algo de propicio às suas reivindicações: As mulheres não tinham uma participação activa na sociedade.





Este preconceito vinha já da Grécia Clássica, onde as mulheres não podiam exercer o direito de voto.
As sufragistas, como eram chamadas as primeiras activistas do feminismo, iniciaram no século XIX, em 1897, um movimento no Reino Unido a favor da concessão às mulheres do direito ao voto. Foi assim fundada a União Nacional pelo Sufrágio Feminino, por Millicent Fawcett. Este movimento inicialmente pacifico, questionava o facto de as mulheres serem consideradas capazes de assumirem cargos importantes na sociedade inglesa.
A maioria dos parlamentares de Inglaterra acreditava que as mulheres eram incapazes de compreender o funcionamento do Parlamento Britânico.
Ainda assim o movimento feminino ganhou e as suas activistas passaram a ser conhecidas por pertencentes à União Social e Politica das Mulheres. Este movimento (WSPU- Women’s Social and Political Union), fundado por Emmeline Pankhurst, pretendeu revelar o sexismo institucional na sociedade britânica.
Emmeline Pankhurst foi presa inúmeras vezes por pequenas infracções e inspirou membros do grupo a fazerem greve de fome. Mais tarde, foram alimentadas à força, o que fez com que ficassem doentes, o que veio chamar a atenção para a brutalidade do sistema legal. Tiveram algum sucesso com a aprovação do “Representation of the People Act” de 1918, que veio a estabelecer o voto no Reino Unido.
Com este pequeno sucesso, esta lei visava também inspirar muitas outras mulheres noutros países para que lutassem pelos seus direitos, principalmente, pelo direito ao voto. Por mais que a opressão feminina seja ainda uma cruel realidade em alguns países, as mulheres têm direito ao voto e à participação política ampla na maioria dos países do mundo. Embora em países como o Kuwait, por exemplo, haja ainda movimentos que reproduzem as mesmas lutas das sufragistas do século XIX, na tentativa de forçar o governo daquele país a mudar a suas legislação eleitoral e adoptar o voto universal em pleno século XXI.

O início da reinvindicação dos Direitos da Mulher



Feminismo: “sistema dos que preconizam a igualdade dos direitos do homem e da mulher”: é esta a definição de feminismo com que nos deparamos num dicionário, no entanto, ao falarmos em feminismo, referimo-nos a uma doutrina que se reflectiu em movimentos sociais.



Só se pode falar em reivindicação dos direitos da mulher a partir do século XVIII, graças ao Iluminismo e à Revolução Francesa. Datam dessa época as primeiras obras de carácter feminista, escritas por mulheres como as inglesas Mary Wortley Montagu (1689-1762) e Mary Wollstonecraft (1792), "A Vindication of the Rights of a Woman", que propunha a igualdade de oportunidades na educação, no trabalho e na política.
No século XIX, no contexto da Revolução Industrial, o número de mulheres empregadas aumentou significativamente. Foi a partir desse momento, também, que as ideologias socialistas se consolidaram, de modo que o feminismo se fortificou como um aliado do movimento operário. Nesse contexto realizou-se a primeira convenção dos direitos da mulher em Seneca Falls, Nova York em 1848. Também em Nova York, em 1857, aconteceu o movimento grevista feminino que, reprimido pela polícia, resultou num incêndio que ocasionou a morte de 129 operárias, justamente no dia 8 de Março (Dia Internacional da Mulher).
O direito ao voto foi obtido pelas mulheres do mundo ocidental no início do século XX.